Afinal, o que deseja uma mulher?

Filósofos, poetas, psicanalistas, muitos homens têm procurado compreender e explicar o que deseja uma mulher.

Deusa poderosa, anjo misterioso, bruxa sorrateira, Eva ardilosa, sereia sedutora, estas são algumas das "faces elaboradas de mulher, sempre a atrair 'pobres' homens para os descaminhos do prazer e da perdição".

Mil mistérios rodopiam no imaginário masculino, reproduzindo nos homens a intensa perplexidade de Adão, que, fraco e inseguro, foi queixar-se ao Todo Poderoso: "Senhor, a mulher que Tu me deste induziu-me ao erro, ofereceu-me a maçã e eu comi."(Eximiu-se da culpa responsabilizando a mulher pelo "pecado" que ambos cometeram.)

Certo é que a mulher é possuidora dos mistérios da vida, dos ciclos da terra e da lua. A mulher recebe a semente do homem dentro da sua carne no ritual mais sagrado que existe: o Hierosgamos(a união do Sol e da Lua, na Alquimia).

A mulher concebe e faz amadurecer o fruto dentro de si, nutre-o e no tempo certo dá à luz. Este é o grande poder da Deusa, também chamado de Sagrado Feminino.

São atributos do Sagrado Feminino a intuição mais sutil, o sexto sentido mais apurado, a compaixão, a transmutação e o amor.

Sem dúvida o maior amor é aquele de uma mãe por seu filho. (Lembremo-nos do amor incondicional de Dânae, Deméter, Virgem Maria, entre tantos, e até mesmo da desconhecida mulher que clamava por seu filho diante do sábio rei Salomão, visto que disputava com uma impostora o seu direito materno.)

Nos dias atuais, porém, não mais celebramos os rituais do Sagrado Feminino - os rituais da menarca, do primeiro encontro sexual, do casamento como convergência de almas e não de conveniências sociais, da chegada da menopausa clamando por mais reflexão e menos lipoaspiração ... nos dias atuais assistimos, atônitos, ao desequilíbrio das almas e dos corpos femininos, ao nosso afastamento melancólico do inconsciente coletivo.

Atualmente, muitas mulheres passaram a fazer uso dos valores e estruturas de controle patriarcais, os mesmo que criticaram e combateram na sua luta (justa) por direitos iguais.

Elas talvez não percebam o processo de mimetismo no qual estão se envolvendo; a repetição do arcaico modelo masculino: alta competitividade, crítica exacerbada, atitudes inflexíveis, discurso e performance copiados do padrão masculino de agir.

Parece que a mulher do século XXI "chutou o pau da barraca": não apenas busca igualar-se ao homem em direitos, oportunidades e valorização, como também resolveu extrapolar nos abusos, e de oprimida passar igualmente a opressora.( Talvez seja esta apenas uma fase de transição, espero...)

O comportamento reativo desta mulher corre o risco de transformar o homem, de companheiro e ajudador, em acessório obsoleto, já que muitas delas hoje demonstram orgulho equivocado em manusear furadeiras, trocar lâmpadas queimadas, em abrir para si mesmas as portas do sucesso, em pisar os tapetes da autonomia com os pés aristocratas de quem se basta! Capazes até mesmo de congelar seus óvulos com vistas a supostas e heróicas produções independentes...

Falo em tendências atuais, em fortes e recorrentes mudanças de comportamentos, que nos levam a considerar, diante do desencontro mítico entre o Sol e a Lua, "Para que serve um homem?" (na vida destas 'mulheres com super poderes'), em contraponto à famosa pergunta feita por Freud: "Afinal, o que deseja uma mulher?"

O que saberá uma mulher sobre o seu desejo e a sua vontade?

Apesar dessa "revolução comportamental" as mulheres conservam ainda
sua feminilidade. Anseiam por carinho e por sexo prazeroso, ombros aconchegantes, ouvidos interessados, olhares de admiração, sorrisos de aprovação e manifestação inequívoca de amor e comprometimento, fidelidade e segurança emocional e material.

Desejosas de seus companheiros, indagam, paradoxal, sincera e surpreendentemente: "Por onde andam os homens que valem a pena? Onde está o alfa líder"

Talvez fechados "para balanço". Solteiros, casados e descasados parecem assustados com tantas demonstrações de auto-suficiência feminina.

Não podemos nos esquecer de que os homens tem seus sentimentos e emoções, os quais esperam sejam considerados; também desejam consistentes trocas afetivas, não apenas 'aquilo' que as mulheres imaginam, mas, claro, 'aquilo' também.(Ainda bem...)

E por onde andam as amigas confidentes?

Talvez em busca de um tempo para entender o porquê da inveja, da fofoca e da falta de apoio mútuo que permeiam as relações pessoais e socias (competitivas) das mulheres atuais, ou, quem sabe, também estejam embaraçadas nos novelos das suas próprias conquistas equivocadas, não dispondo de tempo para fortalecer amizades.

O fato é que as mulheres tem corrido atrás do sucesso, deixando para trás a vitória que é conquistar não apenas "o pão nosso", mas também a porção suficiente de contentamento para cada dia.

Dia que pode ser cor-de-rosa, dedicado às trocas espontâneas de afeto, à contemplação de si mesma, ao permitir-se o aflorar da intuição e da sensibilidade, e ao deixar-se levar pela doce magia do Sagrado Feminino, porque onde existe amor não existe disputa pelo poder.

No mito de Eros e Psiquê é essencial o apoio de Eros para que a humana princesa Psiquê venha a transformar-se em deusa no Olimpo. Da integração entre o Animus e a Anima nasce Prazer (ou Êxtase) a filha de ambos os deuses Eros e Psiquê.

E viveram felizes para sempre ...

"O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram de amor por ele." (Cantares de Salomão 5;4)

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