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Mostrando postagens de julho, 2010

Casamento: a história de Elisabete, a rainha do lar

Ela entra no quarto trazendo a xícara de café, percebe que ele está dormindo e fica por alguns segundos a admirar este seu homem moreno e cabeludo. O movimento do tórax largo e bronzeado mostra a respiração tranquila e os músculos, mesmo relaxados, denunciam a força de um corpo saudável, cuidado com boa alimentação e exercícios físicos que ele não dispensa. Ela muito se orgulha dele, da sua inteligência aguda, da sua capacidade de discernimento, seu poder de expressar-se com rara propriedade. Ela reconhece nele todas as qualidades que não encontra em si mesma. Juntos formam um doze: ele vale dez pontos, farto de adjetivos, todos analisados cuidadosamente por ela. Como ela ama seu homem moreno, tão belo e tão seu! Na quinta-feira, depois que ele sai, vestindo terno impecável, Elisabete prepara-se para ir às compras. Ajeita os óculos sobre o nariz pequeno, calça confortável tênis e veste a velha calça jeans que tão bem disfarça a largura de seus fartos quadris. Prende os cabelos c

Casamento: opção, condição ou ilusão?

Algumas mulheres desejam casar se, outras não. Porém, vestidos de noiva, buquês, igreja e alianças fazem parte do imaginário feminino. Algumas delas ingressam na nave matrimonial inebriadas por fantasias primordiais e acabam enredadas nas supostas regras de bom comportamento para esposas, concubinas e afins; regras que, mesmo sem que as mulheres percebam, são introjetadas, atuando no espaço familiar, onde o triângulo básico: marido, esposa e, quase sempre, filho, irá atuar conforme o tom de inevitabilidade determinado pelos mitos. Para equilibrar ou, definitivamente, desestabilizar a dinâmica, poderá surgir a força complementar do quadrado: o amante. O que você estaria disposta a fazer para manter e/ou salvar seu casamento? Aqui não vamos entrar em detalhes sobre o que se entende por casamento , tal a flexibilidade da relação matrimonial nos dias de hoje e também pelo alto nível das exceções contratuais nela consideradas. O que você vai ler são pequenos contos alegóricos sobre

Pânico 6 - Viagem ao centro de si mesmo

O ressentimento pelo abandono afetivo, real ou simbólico, é uma das causas da ferida que o fóbico, na sua construção imaginária de não ser "bom o suficiente" para merecer os suprimentos afetivos essenciais e por, equivocadamente, buscar conquistá-los através do perfeccionismo e da auto-exigência, negando seus instintos e afastando-se de si mesmo, acaba por não permitir que seja curada, mas antes, permite que ressurja na desrealização do evento do pânico. Não é o mundo lá fora que assusta, mas o mundo aqui dentro , fragmentado e desconectado do ser interior ; a falta de domínio sobre si mesmo e a desconsideração da capacidade da mente para enfrentar as aflições da vida através de um diálogo interior significativo, baseado em raciocínio e intuição, este sim capaz de orientar para a compreensão e administração do mundo "lá fora", e principalmente para o reconhecimento e a identificação de si mesmo. Pã, tão feio, primitivo e instintual, rejeitado com horror pela s