O Mito Vazio - parte 2

O Iluminismo, a época da razão, deu cabo dos deuses, mas não da função psíquica por eles representada; os conteúdos arcaicos reprimidos resultam ainda mais fortelecidos e atuantes.

O homem civilizado elabora seu mito vazio; se assume como um deus de plenos poderes sobre a natureza, manifestando a negação do primitivo e a recusa obstinada à integração de Logos e Eros.

Para o 'homo vanitas', bugigangas hi-tec são adornos indispensáveis. Não apenas rodeia-se de botões, circuitos, antenas, fios, telas, teclados e que tais, extrapolando a inegável utilidade dos bens que adquire, como, igual e principalmente, incorpora, veste-se e reveste-se com os adereços eletrônicos de última geração. Usa e abusa dos implantes, chips, modeladores plásticos, silicones, lipos e lentes, fetiches de todo tipo, e passa a exibir com orgulho desmedido o seu super-hiper falus psicológico.

Por onde vai, o homem civilizado arrasta o manto do personalismo, remendado com os trapos do egoísmo e rebordado com as marcas tribais da hostilidade... absolutamente alheio ao levante de forças psíquicas, inadvertidamente reprimidas, e que paradoxalmente o precipitam na irracionalidade e na loucura (elaborada) dessa sociedade pré-psicótica em que vivemos.


- "Sou brilhante. Sou top. Sou 'verde'. Sou politicamnte correto. Sou qualificado para as atuais demandas de mercado". Sou o 'homo vanitas', criador do mito vazio.

Parece-me que a caverna de Platão virou a casa-da-mãe-Joana.

(continua)

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